[Resenha] November 9 - Colleen Hoover

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Titulo Original: November 9

Autora: Colleen Hoover

Editora: Atria

New Adult/Romance

Ano: 2015 

Nota: 



“Você não pode ir ainda. Eu não terminei de me apaixonar por você”.

Esse é sem dúvida um dos piores livros que já li na vida. Não porque ele é ruim, longe disso, mas porque ele parece ter sido completamente planejado para ser exatamente assim, ruim. Deixa eu tentar achar uma palavra melhor, não é ruim, é angustiante. Isso! Essa é a palavra. Uffa!
Imagine, se você encontra uma pessoa, alguém que você tem imediata conexão (você descobre que não é bem assim depois), e de alguma forma todo o universo e destino fizessem você se aproximarem. Imagine, se você só tivesse um dia com essa pessoa, um único dia, do que você esperava que fosse todos os dias a partir dali para o resto da sua vida. Imagine ter um dia para construir a confiança de uma pessoa nela mesma e na vida, apenas esse dia. Imagine que esse dia é o mesmo que marcou a vida dessa pessoa para sempre, e de forma muito, muito ruim. Imagine se esse mesmo dia marcou a sua própria vida da maneira mais negativa que você pode imaginar. Imagine que esse encontro pode transforma e curar você, assim como pode curar e transforma alguém. Imaginem que esse é o primeiro dia da sua vida, o dia em que você decide que não só quer, mas precisa se apaixonar por aquela pessoa que a vida colocou na sua frente. Imaginem que é 9 de Novembro e que ele pode novamente definir toda a sua vida. E que você só vai poder repetir esse dia exatamente assim, com essa mesma pessoa, apenas 1 ano depois, por 6 anos.
Isso tudo, é November 9, da Colleen Hoover. Fallon, A transitória e Ben, O escritor, são dois jovens de 18 anos que se encontram no dia 9 de Novembro, e definitivamente tem alguma coisa acontecendo com eles no exato segundo em que seus olhos se cruzam. Imediatamente eles sabem que precisam um do outro. Ben sabe que precisa ajudar Fallon a se recuperar. Fallon sabe que precisa de Ben para ajuda-la a superar e se recuperar da única coisa que a mantém presa a um passado doloroso. Ela só não imagina o quanto ele precisa dela da mesma maneira.
Aos 16 anos Fallon sofre um acidente, um incêndio na casa do pai dela, um ator famoso em LA. O fogo queima não apenas o corpo de Fallon, do lado esquerdo do rosto, todo o braço, barriga e perna, mas queima sua carreira como uma estrela adolescente e sua auto confiança e ao que ela pensava, sua beleza. 2 anos depois ela conhece Ben, um jovem escritor que parece não ter muito rumo na vida, mas que se mostra a salvação de Fallon, assim como ela se mostra a dele. Ben, estabelece como sua nova motivação da vida, pelo menos por aquele único dia, já que Fallon precisa ir embora para Nova York no dia seguinte, reconstruir pelo menos uma parte da auto confiança dela e manter-se inteiro para continuar a própria vida.

“É claro que o lado inseguro de mim ainda se pergunta o que diabos um cara como ele está fazendo passando um tempo com uma garota como eu, mas toda vez que pensava, arrepios passavam na minha cabeça, eu me lembro da conversa que tivemos no banco. E eu digo a mim mesma que tudo o que ele disse pareceu genuíno, que ele realmente me acha atraente de alguma forma. E, honestamente, isso realmente importa no grande esquema das coisas? Estou me mudando para o lado oposto do país, então não é como se tudo o que acontece nas próximas horas vai afetar a minha vida de uma forma ou de outra. Quem se importa se o cara só quer entrar em minhas calças? Eu realmente prefiro que isso seja tudo que ele queira. É a primeira vez em dois anos que alguém me faz sentir desejável, então não vou me bater com o fato de que estou gostando disso mais do que imaginei.”
       
O primeiro 9 de Novembro, quando eles se conhecem,  é sem dúvida uma das coisas mais fofas do livro e uma das partes menos angustiantes, porque eles são engraçados juntos. E definitivamente perfeitos. A única questão é: ela vai embora e nenhum dos dois quer ir embora.
Além disso, Fallon tem uma meta na vida dela: nunca se apaixonar antes dos 23 anos. Ela quer aproveitar tudo (mesmo que ela não consiga ainda) antes de se apaixonar por alguém, o que Ben concorda prontamente. Mas e se já fosse tarde demais? E se apenas um dia juntos fosse o suficiente para começar a se apaixonar por alguém? Cria-se assim o dia 9 de Novembro. Fallon e Ben se encontrariam 1 vez a cada ano, por 6 anos, até que ambos tivessem 23 anos e já houvessem se divertido e aproveitado o máximo antes de se apaixonarem de uma vez.
Cada um fica com uma missão, Fallon a de ser ela mesma, reconstruir a auto confiança, e Ben, de conseguir escrever um livro de romance, o que ele disse que nunca faria, mas... Sim, ele iria escrever um.
Obviamente, 6 anos se vendo apenas 1 vez por ano, sem nenhum outro contato durante o ano, se tornaria um desafio, e principalmente deixaria até mesmo os leitores apreensivos para ler o próximo dia 9 de Novembro, o próximo encontro. Curioso e ansioso para ver se os dois iriam aparecer, se um ou outro iria desistir da ideia, se eles se apaixonariam por outras pessoas, se Ben iria escrever o livro ou não. Se a Fallon chegaria a tempo em Los Angeles, ou se o Ben conseguiria ir para Nova York, e principalmente para saber como se desenrolaria os anos de ambos separados um do outro. E mais, se eles acabariam juntos no final de tudo.
Confesso que desde o começo eu já imaginei o que aconteceria em cada 9 de Novembro. Que eles brigariam, que eles se atrasariam, que eles não iriam, que eles se comunicariam de alguma forma, que o Ben faria o livro, que a Fallon iria conseguir ser mais confiante. Mas nem em 10 vidas eu imaginaria que seria tão difícil ler cada um desses 9 de Novembro, ou até mesmo chegar ao final do livro. Ou que seria tão loucamente surpreendida como fui.
Durante as conversas de Fallon e Ben ainda no primeiro dia é discutido o que é preciso fazer para que exista um bom romance, com base em tudo o que ela já leu sobre isso, e precisava ensinar a ele para que ele conseguisse escrever o próprio romance. Além de primeiros beijos épicos, e nota 10 (referências de Hopeless, entendida com sucesso), eram necessários algumas dificuldades para que se gerasse a Angustia. E que Angustia mais angustiante essa que a Colleen conseguiu criar. Sim, ela consegue imprimir cada pequeno detalhe do que foi dito na conversa entre Fallon e Ben no livro. Principalmente a angustia.
Na verdade o livro é quase um manual de como entender um romance, do porque garotas leem romance, e literalmente do que não usar na vida real. Isso é totalmente engraçado, porque a medida que vai acontecendo durante o livro você vai se divertindo e vendo como faz total sentido. Sem contar que a Fallon e o Ben fazem ficar ainda mais engraçado.
Mas mesmo com tudo isso, eu fiquei tão indignada lendo November 9! Porque eu não entendia o motivo de simplesmente não conseguir ler o livro todo de uma vez como todos os outros, e gastei uma semana inteira para ler pouco mais de 300 páginas divididas em 6 ou 7 capítulos. Nunca senti tanto ódio por um livro na minha vida e nunca xinguei tanto uma autora ou um personagem antes. E nunca, nunca, nunca, senti tanta angústia lendo um livro, nem mesmo o livro mais desesperador da minha vida me fez ficar tão angustiada.
Sem dúvida isso é uma sacada de mestre, e eu nem sei se a Colleen percebe que faz isso. Porque ela nem mesmo chora escrevendo os próprios livros e eu me acabo completamente! Mas prefiro pensar que sim, ela tem plena ideia do que faz, e de que imprime cada emoçãozinha ali no livro para que você a tenha, e viva e aprecie e sofra, com ela e com os personagens. Porque você não é um outro lendo o livro, você é aquele que está vivendo o livro.
Com Colleen Hoover, você é Fallon e Ben, você é Layken e Will, você é Sky e Holder, você é Tate e Miles, você é Daniel e Six... Você é cada um dos personagens, você sente as dores deles, os medos, as angustias. Você os entende, os vive, os ama. E nada no mundo se compara a poder ler algo que você se torna parte da história. Em que você a sente te preenchendo, em cada pedacinho do que você é.
Sofri, sofri sim, foi, sem dúvida nenhuma, um dos piores momentos da minha vida de leitora, porque eu estava em conflito, entre querer ler o livro, precisar ler o livro, mas ao mesmo tempo precisar de uma distancia dele para respirar, algumas que duraram 2 dias inteiros.
Porém, quando você finalmente chega no final do livro, e vê que o livro dentro do livro (eu quis mesmo dizer isso), causa esse mesmo efeito em quem o ler, você entende tudo. E é mágico. Você sente mesmo toda a raiva, angustia e mágoa construída ao longo do livro se dissipar e só resta admiração por cada palavra que foi escrita ali.

“Quando disse que você era linda, eu quis dizer isso. Se você pegar uma coisa deste manuscrito, que seja este parágrafo simples. Absorva estas palavras. Eu quero que elas manchem sua alma, porque estas palavras são as mais importantes. Estou com medo de que minhas mentiras resultem em uma perda de confiança que você ganhou durante o tempo em que estivemos juntos. Porque, enquanto retive uma grande verdade de você, a única coisa que não poderia ter sido mais honesto foi sobre a sua beleza. E sim, você tem cicatrizes. Mas quem vê suas cicatrizes antes que eles vejam você, não te merece. Eu espero que você lembre-se e acredito nisso. Um corpo é simplesmente um pacote para os verdadeiros presentes no interior. E você está cheia de presentes. O altruísmo, bondade, compaixão. Todas as coisas que importam.”

É só no final do livro que você para de odiar o Ben, e de se sentir ressentida com ele por ele não ser exatamente o príncipe de conto de fadas, ou o macho alfa que você pensou que seria, mesmo quando ele dizia que não era. É quando você deixa de ser Fallon e se sentir oprimida mais uma vez pelas imperfeições dela, e passa a ser a garota que ama Ben, com todas as imperfeições e cicatrizes dele. Porque você sabe que ele te ama, da mesma forma. E que juntos eles são perfeitos, porque eles se completam e se tornam melhores. É só nesse momento que você deixa de ser um personagem da Colleen Hoover e passa a ser o leitor apaixonado por Ben, O escritor e por Fallon, A professora.
Então caro amigo, se você leu esse livro em algumas horas, eu recomendo que você leia de novo, porque nem de perto você alcançou a perfeição que esse livro é. E se você for lê-lo ainda, tenha cuidado, paciência e principalmente tato para ter a experiência completa. November 9 não merece nada menos que isso. E preparem seus corações, porque nem só de Ben e Fallon o livro é feito, temos Crossover com “O Lado Feio do Amor” e a Colleen soube bem como destruir meu coração com ele.
Enfim, estou realmente com o coração sangrando por dar apenas 3,5 estrelas, porque Deus sabe que ele merece um 12, mas estive pensando nessa resenha enquanto lia e desde a página 152 decidi que essa tinha que ser a nota. E chega, porque nem em todas as palavras do mundo eu conseguiria explicar o porquê de precisar dar essa quantidade de estrelas.  Essa é uma daquelas coisas que apenas são do jeito que são. Recomendo com toda vontade que você leia para descobrir.